O mundo corre lá fora, apressado e vão,
Enquanto eu me encosto no frio do vidro.
Da janela do ônibus, a vida é uma ilusão
De quadros que passam, sem som e sem ruído.
Vejo o café da esquina, o senhor no balcão,
A moça que espera o sinal verde abrir.
São vidas inteiras em um breve clarão,
Que eu vejo um segundo, antes de sumir.
A árvore estica seus braços pro céu,
O muro pichado confessa uma dor.
A estrada se estende como um longo véu,
Levando o cansaço e trazendo o calor.
O reflexo do rosto se funde à calçada,
Sou eu e a cidade em um só movimento.
Um passageiro no tempo, na estrada,
Levado nas asas de um motor barulhento.
A janela é moldura, é lente, é divã,
Onde o ontem se perde e o hoje se faz.
O ônibus segue pro sol da manhã,
Deixando o que fomos no rastro, lá atrás.
Uma Pequena Reflexão
Viajar de ônibus, especialmente no trajeto diário, é um exercício de contemplação forçada. É um dos poucos momentos do dia em que não temos o controle do tempo, restando-nos apenas olhar para fora - ou para dentro.
Jacytan Melo, poeta, músico e sonhador / dezembro, 25, 2025
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