Faço a contagem fria do que resta,
Antes que a noite feche o meu balanço.
O inventário da alma, a longa festa
Das coisas que perdi, das que alcanço.
Bens Imóveis: O peso do meu corpo
Sobre este chão que um dia será meu.
A casa das lembranças, onde o corpo
Ainda guarda a chave do que se perdeu.
Bens Móveis: O casaco surrado
Que carrega o cheiro de um adeus antigo.
O livro que me foi fiel aliado,
A cicatriz que carrego comigo.
Dívidas: O tempo não gasto, a palavra não dita.
O abraço adiado que hoje não se paga.
A promessa quebrada, a sombra maldita
Que sobre os meus passos, a culpa propaga.
Créditos: O riso sincero, o afeto profundo.
O sol que amadurece cada manhã.
O verso que teceu o novo mundo,
A coragem simples, quase irmã.
O que vale o total deste espólio incerto?
A soma de tudo é um mistério, um nó.
Pois o maior tesouro não está por perto,
É o instante breve que existe só.
E no fim da lista, o item mais raro:
A respiração lenta que ainda me sustenta.
O milagre mudo, o preço mais caro:
A vida que persiste e se reinventa.
Jacytan Melo, poeta, músico e sonhador / dezembro, 13, 2025
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