Este retângulo de vidro e ar
É o meu cinema particular,
Onde a cidade teima em passar
Sem a minha alma se misturar.
Aqui, o tempo tem outro ritmo,
A vida lá embaixo é só ruído e pressa.
Eu observo o fluxo do abismo,
A melodia anônima que confessa
O drama miúdo de cada dia,
A labuta que nunca regressa.
Vejo o sol que se inclina e some,
Pintando o concreto em tons de brasa,
E o vizinho que chega, que come,
A luz que acende em outra casa.
Somos ilhas verticais, suspensas,
Nesta metrópole que nos arrasa.
A janela me veste de silêncio,
Me dá a paz da distância segura.
Lá fora, a vida é movimento tenso;
Aqui, a alma é leve, pura.
E entre o dentro e o fora, eu existo,
Nesta moldura de vidro e moldura.
Jacytan Melo, poeta, músico e sonhador / dezembro, 9, 2025
10 Motivos para Estudar no Cursos 24 Horas >


Comentários
Postar um comentário