Poema inspirado na dualidade e na filosofia contida no livro "A Insustentável Leveza do Ser" de Milan Kundera
Somos todos pontes sobre o abismo,
Entre a âncora do Peso e a asa do Vazio.
O Peso é a certeza do retorno,
O tempo que te esmaga e te contém.
É a escolha que te marca e te faz eterno,
O juramento que jamais te diz amém.
É a história que se dobra e se repete,
O fardo insuportável de quem vem.
A Leveza é a ausência de sentido,
É o voo breve que não deixa rastro.
É o erro que se apaga, não sentido,
A liberdade que não tem cadastro.
É a recusa de ser e de ficar,
O eterno não-fardo, um mero astro.
E eu, no meio, entre o Peso e a Leveza,
Me desfaço e me refaço em contradição.
Se escolho o Peso, sou a fortaleza,
Mas a alma se consome em prisão.
Se vivo a Leveza, sou poeira e nada,
E a vida perde a voz, sem direção.
Pois a felicidade é a balança frágil,
Que oscila no ar entre o sim e o não.
E a única verdade, breve e ágil,
É que o ser insustentável é a nossa canção.
Somos leves no voo e pesados na queda,
Vivendo a sombra de cada decisão.
Jacytan Melo, poeta, músico e sonhador / dezembro 7 2025
Blog das criações literárias de Jacytan Melo: versos, poesias e contos.

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