Eu saio para o mundo bem trajado,
Com o riso pronto e o verbo no lugar.
Pareço um monumento bem montado,
Erguido pra quem queira me admirar.
Mas dentro, onde a luz não ilumina,
Eu sei que sou de gesso e papelão.
Uma engrenagem frouxa que declina,
Um susto disfarçado em prontidão.
Tenho pavor de que alguém note a fenda,
O erro no roteiro, o tom incerto;
Que o público, enfim, me compreenda
Como um deserto fingindo ser deserto.
Sou o intruso na festa da vitória,
O falsário que assina o próprio nome.
Enquanto o mundo aplaude a minha glória,
A minha própria dúvida me consome.
Pois ser humano é este eterno jogo:
Cuidar da face para o espelho alheio,
Enquanto a alma, em labaredas de fogo,
Grita a verdade de que é puro receio.
Se sou uma farsa, a farsa é o que me guia,
Neste teatro de sombras e de luz.
Pois quem não finge um pouco de alegria,
Não suporta o peso real da própria cruz.
"Você já sentiu que estava apenas interpretando um papel na sua própria vida?"
Jacytan Melo, poeta, músico e sonhador / dezembro, 20, 2025
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