Há um abismo diante de mim,
Não tem fundo, não tem borda, não tem fim.
Onde o solo se cansa de ser chão
E se entrega ao silêncio da imensidão.
Ele não está na estrada, nem no mapa desenhado,
É um precipício interno, por mim mesmo cavado.
Feito de dúvidas, de medos, de "quem sou?",
Um eco profundo do que de mim restou.
Olho para baixo e o vazio me encara,
Com a frieza de um espelho que não mascara.
A farsa que eu vestia, no vento se desfaz,
Pois diante do abismo não se finge a paz.
Dizem que o abismo é o fim da jornada,
Mas talvez seja apenas a porta fechada,
Que exige o salto, a entrega, o desapego,
Para transformar o pavor em sossego.
Não é a queda que assombra o meu passo,
É a imensidão que cabe no meu cansaço.
Pois se o abismo me olha e me chama pelo nome,
É porque minha alma de infinito tem fome.
Jacytan Melo, poeta, músico e sonhador / dezembro, 19, 2025
10 MOTIVOS PARA ESTUDAR NO CURSOS 24 HORAS

Comentários
Postar um comentário