Hoje eu vi o rio, e ele me viu também. Não era o mesmo de ontem, nem o de antes, Pois a água que passa nunca se detém, É feita de instantes, de fugas constantes. Ele levava o céu deitado em seu leito, Arrastava folhas, segredos e mágoas. E ao vê-lo passar, senti no meu peito Que a vida é o desenho que se faz nas águas. Não levanta poeira, não faz alarde, Apenas caminha pro abraço do mar. Hoje eu vi o rio, no fim dessa tarde, E ele me ensinou como devo seguir: sem parar. Vi que as pedras no fundo não barram o curso, São apenas degraus pro seu canto crescer. O rio não gasta palavra ou discurso, Ele apenas se entrega ao destino de ser. Hoje eu vi o rio e entendi o meu rastro: Sou gota, sou margem, sou correnteza. Debaixo do sol ou da luz de um astro, O que flui encontra sua própria grandeza. Um Momento de Pausa Ver o rio é um convite à humildade. Percebemos que tudo passa, e que a resistência é o que ...
Blog das criações literárias de Jacytan Melo: versos, poesias e contos.