O Olho Atrás é Cego.
Não tem pálpebra,
Apenas o fixo brilho da lembrança vã.
Não enxerga o pó que cobre a sepulcral pálpebra
Do dia em que a escolha era ainda manhã.
Ele repassa o filme, o replay milenar,
Busca o detalhe exato,
o nó que se desfez.
Mas a luz da vigília não consegue apagar
A sombra do que foi, do que não volta mais.
O Olho Atrás é um farol que mira a areia,
Vê os passos fundos,
a pegada que ficou.
Mas está preso ao mapa que já não permeia
O caminho que hoje o vento já levou.
Ele é cego para o porquê,
surdo ao acaso,
Só registra o fato, a perda, o adeus.
É inútil contra o tempo, o vidro, o acaso,
Apenas o espelho frio dos erros meus.
Por mais que perscrute a curva que se fez,
A falha no projeto,
a palavra não dita,
Ele nunca verá a próxima vez,
Pois sua força reside apenas no que limita.
O Olho Atrás é cego.
E só se fecha
Quando o presente assume a sua urgência crua.
Pois o que importa não é a velha flecha,
Mas a coragem de mirar a próxima lua.
Jacytan Melo, poeta, músico e sonhador / dezembro, 11, 2025
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