O mundo corre lá fora, apressado e vão, Enquanto eu me encosto no frio do vidro. Da janela do ônibus, a vida é uma ilusão De quadros que passam, sem som e sem ruído. Vejo o café da esquina, o senhor no balcão, A moça que espera o sinal verde abrir. São vidas inteiras em um breve clarão, Que eu vejo um segundo, antes de sumir. A árvore estica seus braços pro céu, O muro pichado confessa uma dor. A estrada se estende como um longo véu, Levando o cansaço e trazendo o calor. O reflexo do rosto se funde à calçada, Sou eu e a cidade em um só movimento. Um passageiro no tempo, na estrada, Levado nas asas de um motor barulhento. A janela é moldura, é lente, é divã, Onde o ontem se perde e o hoje se faz. O ônibus segue pro sol da manhã, Deixando o que fomos no rastro, lá atrás. Uma Pequena Reflexão Viajar de ônibus, especialmente no trajeto diário, é um exercício de contemplação forçada. É um dos poucos mom...
Blog das criações literárias de Jacytan Melo: versos, poesias e contos.