Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2025

Caminhos

Há caminhos que a gente inventa no mapa,  Linhas de desejo, traçadas no chão.  E há aqueles que a vida,  sem que a gente saiba,  Põe à nossa frente, sem dar opção. Todo caminho começa na porta,  Na pausa breve antes do primeiro passo.  Um convite aberto que a alma transporta Para o desvio incerto ou o rumo do abraço. O mais difícil não é a longa jornada,  Mas a encruzilhada que te faz parar.  Onde a certeza é uma folha dobrada  E a bússola interna começa a falhar. Escolhemos um, e o outro fica cego,  Cuberto de mato, coberto de ausência.  E para sempre, por mais que eu o negue,  Carrego o fantasma da outra experiência. O caminho é feito de poeira e de passos,  De sol na nuca e de chuva na pele.  Não é a meta fria, nem o ouro dos laços,  É a coragem simples que a alma repele. O atalho promete leveza e descanso, Mas o percurso longo ensina a verdade: Que a pressa é uma forma sutil de avanço Que rouba a beleza de ca...

O Olho Atrás é Cego

O Olho Atrás é Cego.  Não tem pálpebra,  Apenas o fixo brilho da lembrança vã.  Não enxerga o pó que cobre a sepulcral pálpebra  Do dia em que a escolha era ainda manhã. Ele repassa o filme, o replay milenar,  Busca o detalhe exato,  o nó que se desfez.  Mas a luz da vigília não consegue apagar  A sombra do que foi, do que não volta mais. O Olho Atrás é um farol que mira a areia,  Vê os passos fundos,  a pegada que ficou.  Mas está preso ao mapa que já não permeia  O caminho que hoje o vento já levou. Ele é cego para o porquê,  surdo ao acaso,  Só registra o fato, a perda, o adeus.  É inútil contra o tempo, o vidro, o acaso,  Apenas o espelho frio dos erros meus. Por mais que perscrute a curva que se fez,  A falha no projeto,  a palavra não dita,  Ele nunca verá a próxima vez,  Pois sua força reside apenas no que limita. O Olho Atrás é cego.  E só se fecha  Quando o presente ass...

Cida Pedrosa: A Poesia do Sertão e do Humano

Crédito da foto: jornaldosertaope.com.br Sua escrita transita entre a dureza da paisagem sertaneja e a delicadeza das relações humanas por redação (com informações: Wikipédia )  10 Motivos para Estudar no Cursos 24 Horas > Recife, PE, Brasil - Cida Pedrosa é um nome de grande destaque na poesia contemporânea brasileira, e uma referência fundamental na literatura de Pernambuco. Cida Pedrosa: A Poesia do Sertão e do Humano Cida Pedrosa, nascida em Bodocó, no Sertão de Pernambuco, é uma poeta, militante cultural e gestora pública cuja obra é marcada pela força lírica, pela crítica social e pela profunda conexão com o chão nordestino. Obras e Reconhecimento Sua escrita transita entre a dureza da paisagem sertaneja e a delicadeza das relações humanas, sempre com uma linguagem inovadora. O ápice de seu reconhecimento veio em 2020: - Prêmio Jabuti de Poesia (2020) : Cida Pedrosa venceu o mais prestigiado prêmio literário do Brasil com o livro " Solo para Vialejo ". - "Sol...

A Poesia Marginal, um importante movimento literário brasileiro da década de 1970

Crédito da foto:  becoliterario.com Os poetas se viam (e eram colocados) à margem das instituições e da cultura oficial. por redação (com informações: Wikipédia ) 10 Motivos para Estudar no Cursos 24 Horas. Saiba mais > Recife, PE, Brasil - A Poesia Marginal, também conhecida como Poesia da Geração Mimeógrafo ou Poesia Underground, foi um importante movimento literário brasileiro que floresceu principalmente na década de 1970, durante o auge da Ditadura Militar. O termo "marginal" se refere a: - Margem da Sociedade: Os poetas se viam (e eram colocados) à margem das instituições e da cultura oficial. - Margem do Mercado: Recusavam o circuito comercial tradicional das grandes editoras. - Margem da Estética: Desafiavam a linguagem e as formas poéticas estabelecidas. Principais Características - Produção Independente (Mimeógrafo): A característica mais marcante. Como as grandes editoras evitavam publicar material subversivo ou que não fosse comercial, os poetas produziam seus...

Do Nada para O Acabou-se

  O Nada era um silêncio anterior,  Uma tela preta, vasta, sem moldura.  Onde o tempo não tinha ainda exterior,  E a espera era a única criatura.  Aguardava o sopro, o verbo, o clarão,  A primeira partícula em ignição. Então o ser irrompeu,  um risco na escuridão,  Do Nada fez-se a pressa,  a matéria e o começo.  E o homem, com sua vã imaginação,  Deu nome ao destino, deu preço ao avesso.  A vida, um rápido relâmpago,  Entre o zero e o derradeiro estardalhaço. E a jornada se fez de pontes e de quedas,  De risos altos, de juras e de enganos.  A construção frenética de todas as veredas,  Para evitar o fim que é de todos os planos.  Amamos, lutamos, construímos castelos,  Crendo que a vontade desafia os elos. Mas cada batida do relógio é um recuo,  Um grão de areia a menos na ampulheta fria.  Cada conquista é o adeus de um minuto,  E a história caminha para a calmaria.  Aceleramos ...

Conheça a cena dos Slams (batalhas de poesia falada) em Recife e Olinda

Crédito da foto:  educacaoeterritorio.org.br Em Recife, essa cena é marcada pela força da oralidade, pela diversidade e pela temática social e racial. por redação (com informações: Wikipédia )  10 Motivos para Estudar no Cursos 24 Horas. Conheça  > Recife, PE, Brasil - A cena dos Slams (batalhas de poesia falada) em Recife e Olinda é uma das mais vibrantes e politicamente engajadas do Nordeste, e foi fundamental para o surgimento de talentos como Bell Puã.                          A Cena dos Slams em Recife: Palco da Oralidade Urbana   Os Slams são mais do que competições; são espaços de democratização da palavra, onde a poesia é performada, julgada pela plateia e utilizada como ferramenta de luta e expressão. Em Recife, essa cena é marcada pela força da oralidade, pela diversidade e pela temática social e racial. 1. O Surgimento e a Força do Slam PE A cena ganhou impulso significativo com ...

Sinto, Logo Faço

Não espero o mapa traçado,  Nem a lógica que me detém.  O meu farol é o compasso  Que no peito forte me convém.  Se Sinto, o corpo se lança,  E a alma em chamas também. Não há tempo para a dúvida vã,  Nem para o "e se" que me paralisa.  A certeza nasce de manhã,  Na emoção que me magnetiza.  É o vento que me puxa, a voz que me chama,  A vida que me revitaliza. Meu caminho é o pulso que guia,  A faísca que acende o vulcão.  Não há espaço para a agonia  De uma eterna ponderação.  A resposta vem na poesia,  Na simples e pura intuição. O Logo Faço é a liberdade,  De ser quem a alma me indica.  É viver a minha verdade,  Sem a amarra que me complica.  E no palco da vida, a audácia  É a dança que me edifica. Jacytan Melo, poeta, músico e sonhador / dezembro, 09, 2025   10 Motivos para Estudar no Cursos 24 Horas >

Da Janela do Apartamento

Este retângulo de vidro e ar  É o meu cinema particular,  Onde a cidade teima em passar  Sem a minha alma se misturar. Aqui, o tempo tem outro ritmo,  A vida lá embaixo é só ruído e pressa.  Eu observo o fluxo do abismo,  A melodia anônima que confessa  O drama miúdo de cada dia,  A labuta que nunca regressa. Vejo o sol que se inclina e some,  Pintando o concreto em tons de brasa,  E o vizinho que chega, que come,  A luz que acende em outra casa.  Somos ilhas verticais, suspensas,  Nesta metrópole que nos arrasa. A janela me veste de silêncio,  Me dá a paz da distância segura.  Lá fora, a vida é movimento tenso;  Aqui, a alma é leve, pura.  E entre o dentro e o fora, eu existo,  Nesta moldura de vidro e moldura. Jacytan Melo, poeta, músico e sonhador / dezembro, 9, 2025 10 Motivos para Estudar no Cursos 24 Horas >

Bell Puã, poeta, escritora, atriz e performer

Crédito da foto:  geledes.org.br O trabalho de Bell Puã ganhou notoriedade através dos Slams de Poesia por redação (com informações: Wikipédia ) 10 Motivos para Estudar no Cursos 24 Horas > Recife, PE, Brasil - Bell Puã é um dos nomes mais poderosos e urgentes da poesia contemporânea brasileira, e uma figura central no cenário do Slam e da poesia de performance em Pernambuco. Civitatis - Visitas guiadas e excursões no mundo inteiro. Atividades, transfers, ingressos, visitas guiadas e excursões em português no mundo inteiro. Reserve na Civitatis com o preço mínimo garantido. >   Bell Puã: A Voz da Performance e da Luta Nascida no Recife, Bell Puã (Isabella Vasconcelos) é poeta, escritora, atriz e performer. Ela se destacou por trazer para o centro do palco e da página as vivências da mulher preta, nordestina e periférica, utilizando a poesia como ferramenta de crítica social e empoderamento. Se você está procurando um lugar para ficar em qualquer destino, Agoda.com of...

Penso, Logo Desisto

  O pensamento é a teia fina  Que a mente tece sem parar,  E a cada linha que me fascina,  Mais eu me prendo no lugar.  Penso tanto, que a ação se mina,  Antes de sequer começar. Se Penso, vejo mil rotas,  Mil erros em cada passo dado,  As vozes das antigas notas  De um futuro já fracassado.  E a dúvida, rainha implacável,  Me faz cativo e calado. A análise é a minha prisão,  Onde a certeza vira névoa,  Onde a força perde a razão,  E a coragem se torna prova.  O medo não é de falhar fora,  Mas do infinito que me renova. O Logo Desisto não é fraqueza,  É a exaustão da imaginação.  É render-se à cruel clareza  De que toda escolha é renúncia e não.  E no palco onde a vida espera,  O ator se cala e entrega o bastão. Jacytan Melo, poeta, músico e sonhador / dezembro, 09, 2025 10 MOTIVOS PARA ESTUDAR NO CURSOS 24 HORAS

Mente Consciente

O universo reside em um ponto,  Na vigília que não dorme,  que não cede.  A Mente Consciente é o confronto  Que a névoa do instinto não impede.  É o espelho que reflete o Agora,  A luz que o Caos não arremede. Eu não sou o que o medo me dita,  Nem a pressa que o tempo me impôs.  Sou o observador na ermita,  Que assiste o "antes" e o "depois".  A consciência é a torre alta,  Que vê o jogo dos bois. É a escolha entre a reação pura  E a pausa que acalma a tempestade.  É a bússola que aponta a dura  E bela face da verdade.  A vida é o sonho, sim, mas a Mente  É quem sonha com sobriedade. No silêncio que a Mente te oferece,  A percepção se torna clara e vasta.  O que o corpo clama e o que padece,  A consciência filtra, não se arrasta.  Ser consciente é ser o dono do Ser,  E não a sombra que se gasta. Jacytan Melo, poeta, músico e sonhador / dezembro, 8, 2025 10 MOTIVOS PARA ESTUDAR NO CUR...

Miró da Muribeca, poeta pernambucano, saudades

Crédito da foto: vermelho.org.br Miró da Muribeca , um dos nomes mais singulares e importantes da poesia marginal pernambucana e brasileira. Sentir saudades de Miró é sentir falta de uma voz autêntica, crua e profundamente conectada com a realidade social e as periferias. Saudades de Miró da Muribeca Crédito da foto:  negre.com.br Miró não era poeta para gabinete,  Mas para a vida dura, para o chão.  A sua rima vinha no estilete,  Cortando a carne de toda ilusão.  Poeta de Muribeca, de verdade,  Caminhando contra o caminhão. Ele falava do que ninguém via:  Do cheiro do esgoto,  do busão lotado,  Da periferia que não era poesia  No verso bonito e bem arrumado.  Ele fazia a arte da denúncia,  Com o coração sempre esfolado. O seu verso não pedia licença,  Entrava na alma sem perguntar.  Tinha a dor da ausência,  E a urgência de gritar.  O seu legado é de coragem,  Pra quem soube o que é sangrar. Saudades d...

Anchieta Dali, A Voz Poética do Sertão Pernambucano

Crédito da foto:  petrolandiaemfoco.com.br Anchieta Dali é um artista que carrega a poesia do Nordeste em suas composições. por redação (com informações: Wikipédia) Curso 24h Online: Aprenda no Seu Tempo e No Seu Ritmo > Anchieta Dali: A Voz Poética do Sertão Pernambucano O nome Anchieta Dali, pseudônimo de José Anchieta de Carvalho, evoca a união entre a tradição lírica brasileira e a ousadia da arte. Cantor, compositor, arranjador, produtor e poeta, ele é uma das vozes mais autênticas da cultura pernambucana, especialmente a do Sertão. Viaje conectado - QUAL O SEU DESTINO? Escolha o melhor plano para sua viagem > Raízes e Formação Musical Natural de Belém de São Francisco, e criado em Tacaratu, ambas cidades do interior de Pernambuco, Anchieta Dali traz em sua arte a essência do seu berço sertanejo. Sua trajetória musical começou cedo, acompanhando o pai, o violeiro Seu Conrado, em cocos de roda e vaquejadas. Essa vivência rústica e lírica o moldou, fazendo de sua música um...

Ser Nordestino: Um Cordel de Fé e Força

I. O Nascimento no Sertão Nasci no chão rachado e forte,  Onde o sol beija o Equador,  Não conheço a sorte do norte,  Mas carrego a fé do Senhor.  Sou do Nordeste, meu irmão,  Mistura de dor e de amor. Meu avô plantou macambira,  Minha avó fez rede no tear,  O meu peito não se mira  No luxo de quem vai pra o mar.  Eu sou a gente que resiste,  E que sabe como lutar. II. O Traço da Cultura Eu tenho um pé no Frevo que roda,  E o outro no Forró de Gonzagão.  O meu falar é moda,  Com a rima em cada oração.  Tenho Cordel na parede,  E a Chita na decoração. Sou a alma de Lampião,  A tristeza de Severino,  A beleza de Caruaru e a paixão  Pelo cheiro do cuscuz matutino.  O nosso maior tesouro  É o destino que nos é divino. III. A Força e a Resiliência Dizem que a vida é difícil,  Que a terra é dura,  que não tem água.  Mas o nordestino é artifício,  Que transforma dor em paga....

Novos Talentos: A Poesia Pernambucana em Renovação

A literatura, especialmente a poesia, vive um momento de profunda renovação Recife, PE, Brasil - Pernambuco, berço de poetas gigantes como João Cabral de Melo Neto e Carlos Pena Filho, continua a revelar talentos que renovam a poesia contemporânea. Cursos 24 Horas - Encontre cursos online de diversas áreas e temas, com certificado e início imediato. Saiba mais > Novos Talentos: A Poesia Pernambucana em Renovação A efervescência cultural de Pernambuco não se limita ao frevo e ao maracatu. A literatura, especialmente a poesia, vive um momento de profunda renovação, com jovens autores explorando novas linguagens e plataformas. Estes novos talentos dialogam tanto com o lirismo regional quanto com temas universais, trazendo frescor à cena literária. 1. Cida Pedrosa: A Consagrada que Inspira a Nova Geração Crédito da foto:  jornaldosertaope.com.br Embora não seja uma "novata" em termos de tempo de carreira, Cida Pedrosa (natural de Bodocó) é fundamental por ser uma ponte e um fa...

MEIO DIA

O sol de meio-dia, filtrado e macio, Desenha grades de luz na madeira fria, Revelando um vazio que não é vazio, Mas um vasto lugar só para a melancolia. As paredes, que ouviram toda a semana, O ruído da tecla, o stress da manhã, Agora guardam segredo em porcelana E dormem ao ritmo leve de uma manhã. É o instante em que a alma se desdobra, Reconhece o canto exato de seu lar, Pois o silêncio de hoje, que o dia cobra, É a nota perfeita para recomeçar. por Jacytan Melo, poeta, músico e sonhador / dezembro 7 2025   Curso 24h Online: Aprenda no Seu Tempo e No Seu Ritmo >

Da Insustentável Leveza do Ser

Poema inspirado na dualidade e na filosofia contida no livro "A Insustentável Leveza do Ser" de Milan Kundera Somos todos pontes sobre o abismo,  Entre a âncora do Peso e a asa do Vazio. O Peso é a certeza do retorno, O tempo que te esmaga e te contém. É a escolha que te marca e te faz eterno, O juramento que jamais te diz amém.  É a história que se dobra e se repete, O fardo insuportável de quem vem. A Leveza é a ausência de sentido,  É o voo breve que não deixa rastro.  É o erro que se apaga, não sentido,  A liberdade que não tem cadastro.  É a recusa de ser e de ficar,  O eterno não-fardo, um mero astro. E eu, no meio, entre o Peso e a Leveza, Me desfaço e me refaço em contradição. Se escolho o Peso, sou a fortaleza,  Mas a alma se consome em prisão.  Se vivo a Leveza, sou poeira e nada,  E a vida perde a voz, sem direção. Pois a felicidade é a balança frágil,  Que oscila no ar entre o sim e o não.  E a única verdade, breve ...

Solidão

Não é a ausência de abraços  Que desenha o meu vazio,  É a falta de outros laços  Que não sejam os do frio.  Solidão não é estar só,  É estar sem ser entendido. É a sala cheia de vozes  Que não ecoam no meu peito,  É a busca por mil luzes  Que apagam-se sem jeito.  É a ilha cercada de mar,  Com a alma em desalento. No entanto, há um tempo brando  Quando a solidão se revela,  Onde a dor vai se acalmando  E a alma se despela.  É o momento de escutar  O que a pressa sempre cala. É o vasto e silencioso espelho  Que me obriga a me encontrar,  Sem a pressa e sem o artelho  De um mundo a me julgar.  A solidão é a porta estreita,  Para quem quer se libertar. Cursos 24h Online: Aprenda no Seu Tempo e No Seu Ritmo >

IN-DECISÃO

O peso da escolha me veste.  Sou ponte entre dois caminhos,  Nenhum se faz manifesto,  Ambos parecem espinhos.  E no meio, eu me perco,  Entre "ir" e "ficar" sozinhos. A mente é um tribunal vazio,  Onde o "talvez" é o juiz.  Cada "sim" carrega o frio  Daquilo que não se diz.  Cada "não" é a semente morta  De um futuro que não se refiz. Sou moinho sem vento e sem grão,  Giro em torno de mim mesmo,  A espera pela direção  Que não chega, que é um limbo.  A dúvida é um rio lento  Que me afoga no seu mimo. O tempo avança em silêncio,  E o que era futuro, é passado.  Na paralisia, o vencimento  Do sonho que ficou calado.  E a única certeza que resta  É a dor do não-tomado. Jacytan Melo, poeta, músico e sonhador, dezembro, 5 2025 Curso 24h Online: Aprenda no Seu Tempo e No Seu Ritmo >

Poesia Alternativa Pernambucana

O asfalto de Recife tem veias,  E o sangue é o Rio Capibaribe.  Não é só maracatu, não é só frevo,  É a antena do Mangue que vive.  Plugada no caos, no caos do concreto,  Sentindo a maré que sobe e inibe. A poesia aqui é pedra e é areia,  É verso torto que não tem perdão,  É a crítica na esquina, na cadeia,  É o grito rouco de Chico Science e Lia de Itamaracá em canção.  É a Olinda que se esconde e revela,  Com a ladeira em cores, sem portão. Não é só o bico de pena e o cordel,  É o haicai na parede de cal.  É o cheiro de mofo, o cheiro de mel,  O trânsito nervoso, o sinal.  A gente veste a capa do moderno,  Mas o lampião acende o ritual. O poeta de cá não usa luva,  Pega a lama, o lixo, a flor do sol.  A linguagem é bruta, a vida é curva,  Mas a rima encontra o seu anzol.  É a arte de sobreviver e de sorrir,  Enquanto o tempo gira no carrossel. Somos o eixo, somos a brecha,  Onde o ...

Parque 13 de Maio: Cordel de Cores e História

Crédito da foto:  br.pinterest.com I. Onde o Verde se Faz Verso Lá no centro da cidade, Onde a pressa não tem perdão, Recife guarda a verdade, Em forma de proteção. O Parque 13 de Maio, É um alívio, é um refrão. Tem mais de cem anos de vida, Com a história para contar, Testemunha da subida E do cair sem deslumbrar. Pois todo dia tem gente a caminhar e a sonhar. II. O Traço da Memória Surgiu no tempo do abade, Tempo de Dantas Barreto, Numa antiga propriedade, Onde o verde é mais correto. A data treze de maio, Marca o fim do tempo preto. E ganhou o seu espaço, Com jardins e com valor, Para abrandar o compasso Da vida que tem calor. Um refúgio para a alma, Onde a tristeza não tem cor. III. A Vida que Ali Se Encontra Tem árvore que faz sombra, E criança no brinquedo, Passarinho que não assombra, Afastando todo o medo. Tem banquinho pra conversa, E o tempo passando a esmo. Do lado, o Ginásio Pernambucano, Que é história pura, meu Deus! E o busto que está em plano, De quem já brilhou aos...

Manhã de domingo

Crédito da foto:  pt.dreamstime.com Naquela manhã ensolarada de domingo, lá no alto do Morro do Peludo, o vento soprava as folhas dos arbustos, entonando uma sinfonia suave e incessante. Nada perturbava aquele momento, a não ser o canto harmonioso dos pássaros. Por um momento fui invadido por uma sensação de paz, a respiração (antes ofegante) tornou-se leve a ponto de não mais sentir o pulsar do coração. Como a natureza é interessante, pequenas coisas oferecidas por ela consegue chegar até nós de maneira simples, sem ônus. Jacytan Melo, poeta, músico e sonhador / dezembro/2025 10 MOTIVOS PARA ESTUDAR NO CURSOS 24 HORAS

Ser folião

Crédito da foto: pinterest.de Por um Folieiro da Alegria Eu canto aqui no meu verso, com a rima que me convém, pra falar do universo de quem folia e vai além. É a história de quem vive o Carnaval, sem ter desdém. I. A Chama no Peito O folião de verdade não espera o calendário, vive a felicidade num passo extraordinário.  Tem a alma de menino, e o peito, um relicário. No peito já tem um tambor, que bate no ritmo exato, o cheiro, a cor, o calor, do frevo que é sempre inato. Faz da rua o seu salão, de todo som, um retrato. II. O Traje da Emoção Não precisa de fantasia, de pluma, seda ou cetim, o que veste é a alegria, que vem do fundo, sem fim. Pode usar a roupa simples, Que o passo já faz o jardim. De sombrinha aberta e rodada, ou só a mão a girar, a alma é que está paramentada, pronta para celebrar. O suor que escorre no rosto, é o sal do mar a beijar. III. A Dança e a Tradição Ele honra a tradição, do Maracatu, do Caboclinho, é puro de coração, seguindo o frevo no caminho. Respeita...

DO EXERCÍCIO DA ESCRITA

  Crédito da foto: br.freepik.com   Dedos presos no teclado cabeça ainda vazia coração cheio de amores não correspondidos. Aos poucos os dedos deslizam num movimento autômato, ensaiando algumas palavras, algumas linhas de um poema. Já é madrugada, poucas palavras são escritas, porém, carregadas de emoção. Chego a temer, o esforço dos dedos no teclado possa perturbar o silêncio da noite. O dia amanhece, mal percebo o amanhecer, devido a longa batalha noturna: o exercício de escrever poema. Jacytan Melo, poeta, músico e sonhador, dezembro/2025 10 MOTIVOS PARA ESTUDAR NO CURSOS 24 HORAS